
Internacionalização estratégica
Começamos 2018 com a ótima notícia da primeira Startup brasileira a ser reconhecida internacionalmente como um “Unicórnio”, com a compra da 99 pela Didi Chuxing. Amplamente reportado em inglês pelos principais canais de informação no mundo, Financial Times, Wall Street Journal, NYTimes, The Verge, Techcrunch, Quartz, Bloomberg, Fortune, Reuters, Recode, etc.
Para quem vive no Japão, ler uma notícia dessas em japonês gera mais impacto, aqui reportado por Nihon Keizai Shinbun (O mais importante canal de notícias de economia do Japão, proprietário do Financial Times), AFP e TechInAsia (um dos melhores canais de notícias sobre startups na Ásia).
O timing de divulgação foi brilhante, pois, mostra um lado do Brasil novo, que começa o ano antes do carnaval. Esse Brasil de startups internacionalizadas, seja por investimentos externos ou presença no exterior, que compete e trabalha para ganhar de gigantes como Uber.
E realça também que investir em bons empreendedores brasileiros é um caminho a ser seguido. Caso da Softbank, que investiu $100M na 99 em abril de 2017 e teve a sua saída em menos de 1 ano. Parabéns a todos os envolvidos e em especial ao Paulo Veras, exemplo de empreendedor que inspira outros brasileiros a seguirem seu exemplo.
A crescimento estratégico da 99 foi turbinado com investimentos externos de fundos VC (Venture Capital). Os fundos VC investem em times que entregam produtos de rápida escalabilidade, com objetivo de saída (venda da participação) em no máximo 10 anos (de acordo com o início do fundo) e ROI (retorno sobre o investimento).
Quanto mais capital investido, mais múltiplos devem ser gerados pelo time. Esses múltiplos são medidos por KPI’s ou métricas de performance. Concorrer no mercado com gigantes como Uber, exige mais capital, e no caso da 99, eles conseguiram do melhor fundo VC global do momento, Softbank, do mesmo grupo que vende celulares para os brasileiros no Japão.
Em 2012 fiz um artigo sobre a Asionalização do Brasil como estratégia de internacionalização. A compra da 99 pela Didi é um exemplo de “Asionalização” aplicada ao ecossistema Startup. Um time brasileiro, com produto desenvolvido no Brasil, investido por capital japonês/chinês/americano e comprado por uma startup chinesa para competir no mercado global.
Oportunidades no Japão para Startups brasileiras
Dentre as 4.200 startups e mais de 21 milhões de empresas do Brasil, poucas tem presença no Japão, conta-se nos dedos (das mãos). Ao contrário, as empresas japonesas investem e criam oportunidades no Brasil. Há mais empresas de origem japonesa no Paraná do que brasileiras no Japão.
No setor de TI, a CI&T é o melhor exemplo de que há espaço para os brasileiros virem para o arquipélago nipônico. E aqui cito as oportunidades:
- Facilidade para abrir a empresa, mesmo para quem não sabe a língua japonesa (veja o artigo “Como empreender no Japão“) e para fazer testes de MVP com os brasileiros residentes no arquipélago.
- Proximidade com os países do sudeste asiático, e acesso aos trabalhadores desses países que vivem no Japão (mais de 500 mil), mais uma oportunidade para MVP’s com custo reduzido.
- Oportunidade de testar MVP’s com os turistas em todas as estações do ano.
- Acesso ao crescente mercado de fundos VC’s japoneses e internacionais que estão a procura de equipes de qualidade.
- Saída (exit) com a venda para grandes corporações japonesas de tecnologia ou IPO na TSE Mothers, uma das mais acessíveis a Startups.
- Visto de Startup
E o mais importante, o Brasil tem boa imagem perante os jovens japoneses. A alegria das festas e do futebol são ingredientes importantes que pesam a favor dos brasileiros. Diferente da rigidez imposta pelas grandes corporações nipônicas.
Tem alguma dúvida de como internacionalizar sua startup no Japão?